quinta-feira, 1 de março de 2012

1º Seminário de Bares Tradicionais

O Rio, apesar da sua importância cultural, sempre sofre diversas dificuldades em preservar seu patrimônio histórico, tanto material quanto imaterial; e na boemia não é diferente. Por causa disso frequentadores de bares, donos, imprensa especializada, governo e sindicatos tentam se unir para preservar essa tradição carioca. Com uma iniciativa da Editora da Casa da Palavra - curadoria de Guilherme Sturdart (autor do Rio Botequim), Leo Feijó e o arquiteto Washington Fajardo juntos, com o apoio da Prefeitura do Rio, através da Subsecretaria de Patrimônio Cultural, intervenção urbana, Arquitetura e 4e Designer e em parceria com a Secretaria Municipal de Turismo e o SindRio - o Rumos participou do I Seminário de Bares Tradicionais. O evento aconteceu nos dias 5 e 6 de dezembro de 2011. O local escolhido não poderia ser mais boêmio: Estudantina Musical, na praça Tiradentes. Foram duas tardes maravilhosas, onde aprendemos não só da cultura de bares do Rio, mas também como a tradição de botecos se comportam em alguns lugares do mundo, como Alemanha , Inglaterra e Argentina. E sobre os projetos para preservar e não deixar mais bares tradicionais fecharem, o que, infelizmente, vem ocorrendo nos últimos tempos.
A partir de agora você vai saber um pouco o que aconteceu neste enorme papo de botequim.



Dia 5 dezembro.

O interessante começa com a decoração do local: ao invés de poltronas, você assiste as palestras numa mesa de bar, literalmente.
A mesa de abertura começou com as presenças do prefeito Eduardo Paes, o secretario de turismo, o presidente do SindRio, entre outros. Nessa mesa, Pedro de Lamare, em seu discurso, destacou a exploração imobiliária que está ameaçando os bares tradicionais. E o nosso prefeito Eduardo Paes falou das lembranças de passagens no restaurante Nova Capela. No final foi assinado um ato, o Decreto de Cadastro dos Bares Tradicionais como Patrimônio Cultural da Cidade. O documento tem em sua lista 12 bares. São eles: Bar Lagoa, Nova Capela, Café Lamas, Bar Luiz, Armazém do Senado, Bar do Jóia, Bar do Gomes, Adega Flor de Coimbra, Restaurante 28, Casa Paladino, Bar Brasil e Cosmopolita.



Em seguida se iniciou a Mesa Mundo. A intenção desse debate era mostrar como os botecos estão se comportando pelo mundo. Começou com a palestra do especialista da Argentina Pietro Sorda falando dos bodegones de Buenos Aires. Ponto interessante da exposição, e que o Rumos descobriu, é que há muitos botecos portenhos de origem Italiana, além dos de origem espanhola; aqui no Brasil são, geralmente, de origem portuguesa. Nas biroscas dos hermanos, pratos típicos italianos são encontrados em abundância. Alguns destaques culinários são: chorisso, salada provençal, milanesa à napolitana, entre outros. A origem histórica dos bodegones é quase a mesma daqui; vem da época da colonização e a maioria era armazém que acabou se transformando em botecos. Na cultura do país peronista, los bodegones e os cafés são um dos maiores tipos de lazer (em breve, matérias de Cafeterias no Rumos. Aguardem!).




Em seguida veio a especialista inglesa Ros Shiel falar sobre os pubs. Ela afirmou que os pubs, infelizmente, estão em decadência por causa da legislação rigorosa que tem horário rígido de funcionamento e restrição ao fumo. Na história do surgimento dos estabelecimentos falou-se que foi na época romana e que geralmente eram lugares para os viajantes passarem a noite. Até o século XVIII a cerveja era a principal bebida nesses pubs. Em sua palestra, destacou também que esses estabelecimentos são muito importantes para o turismo e que existem três tipos de pubs lá: o normal, comerciante; o que o comerciante aluga da cervejaria e aquele em que a cervejaria é a própria dona e contrata um administrador. Para tentar minimizar a decadência, uma das soluções foi os pubs, principalmente os rurais, fazerem junção com outros estabelecimentos, como lojas de conveniência.







E por último, nessa mesa, o especialista alemão Michael Zepf afirmou que os pubs de lá – chamados de Bierhaus – não têm decoração rústica e que em algumas cidades, como Munique e arredores, há Bierhaus de 3000 mil lugares sentados. Os pubs alemães são como os da Inglaterra, onde geralmente as cervejarias são donas do lugar. A lei tabagista atacou por lá em 2008. Michel disse que uma das grandes características é de a maioria dos pubs ser mais para beber do que para comer. Os frequentadores são majoritariamente homens. Em Colone, no séc. XIX, tinham mais de 100 cervejarias; hoje, apenas 27. Em Duseldorf, os bares são mais compridos e tem uma rua de 500 metros quadrados que chega a ter mais 300 pubs. Outra cidade pequena, chamada Bamberg, possui 200 cervejarias. E a grande Munique, no início do séc. XX, tinha 26 cervejarias; agora, apenas 6. Um ponto interessante: eles têm uma cervejaria do Estado. Já pensou se essa moda pega aqui? Piadinha básica: essa empresa pública seria o concurso público mais disputado no Brasil (risos).


Aguardem o próximo post com a continuação.

Colaboração: Lydianna Lima

Nenhum comentário:

Postar um comentário